SIEGEL, Daniel J.; BRYSON, Tina Payne. O cérebro da criança: 12 estratégias revolucionárias para nutrir a mente em desenvolvimento do seu filho e ajudar sua família a prosperar. São Paulo: nVersos, 2015.
O cérebro da criança foi escrito por dois médicos americanos: Daniel J. Siegel é médico por Harvard, especialista pela UCLA em pediatria e psiquiatria infantil, adolescente e adulto. Ainda nesta última universidade participou como bolsista do programa de pós-doutorado. Atualmente trabalha como professor clínico de psiquiatria na UCLA, bem como é diretor executivo do Mindsight Institute. É ainda autor de inúmeros livros e ganhador de diversos prêmios (WIKIPEDIA).
Tina P. Bryson, autora, palestrante e psicoterapeuta, trabalha como especialista em desenvolvimento infantil em uma escola Pasadena, na Califórnia (EUA), também realiza workshops para crianças, pais, educadores, entre outros, bem como é fundadora/diretora executiva do The Center for Connection (uma clínica multidisciplinar) (TINA PAYNE BRYSON).
O livro está dividido em seis capítulo, apresentando 12 estratégias, no entanto o prefácio já traz informações sérias e preocupantes das crianças de hoje. "Assim, em tempos em que os videogames e a televisão tornam-se babás eletrônicas de milhares de crianças e os índices de dependência da tecnologia tornam-se endêmicos, outra questão importante ganha relevância na conjuntura atual da nossa sociedade: a forma equivocada como a tecnologia tem sido utilizada pelas famílias" (SIEGEL, BRYSON, 2015, p. 10).
No primeiro capítulo, os autores fazem uma contextualização do que será o livro no todo, adentrando no tema de forma sutil. Fica claro que se deve buscar sempre o equilíbrio entre a razão e a emoção, não ser tão rígido, nem perder o controle emocional.
O segundo capítulo divide o cérebro em duas partes: primeiro em direito e esquerdo, depois em parte de cima e parte de baixo, em que é possível compreender como acalmar uma criança por meio de estratégias, utilizando corretamente os dois lados do cérebro. Em outras palavras, o segredo é se conectar emocionalmente com a criança e fazê-la raciocinar, entrando pelo lado da emoção e seguindo para o lado da razão.
“Crianças falam e compartilham mais quando estão construindo alguma coisa, jogando cartas ou andando de carro do que quando nos sentamos, olhamos diretamente para elas e pedimo-lhes que se abram” (SIEGEL, BRYSON, 2015, p. 56). Os autores trazem uma explicação teórica das funções exercidas pelas partes do cérebro e, em determinado momento, por analogia, comparam-no a uma casa de dois pavimentos. Aqui a dica é como descobrir a estratégia que melhor resultado proporcionará.
Se o problema for racional, é preciso usar a razão para resolvê-lo, mas se o problema for emocional, oriundo de funções primitivas do cérebro, a melhor abordagem é a emocional, como explicado na estratégia número dois.
A estratégia número quatro aborda a questão da empatia, como desenvolver o controle das emoções e a autocompreensão. Na sequência é apresentado como o movimento corporal é importante para manter o cérebro em bom funcionamento, preservando o equilíbrio entre emoção e razão.
O capítulo 4 explana sobre como o cérebro funciona no que se refere às memórias, que não são bem exatas como registradas no dia dos acontecimentos. “Como uma máquina de associação, o cérebro processa algo no momento presente – uma ideia, um sentimento, um cheiro, uma imagem – e relaciona essa experiência com experiências parecidas do passado [...] Memória é basicamente isso: associação” (SIEGEL, BRYSON, 2015, p. 107-108).
É aí que entra a estratégia número seis, que explica como ter controle sobre as lembranças, para ter domínio sobre as emoções. “O hipocampo trabalha com diferentes partes do nosso cérebro para pegar todas as imagens, emoções e sensações da memória implícita e reuni-las de tal modo que possam se tornar “retratos” montados que integram a compreensão explícita de nossas experiências passadas” (SIEGEL, BRYSON, 2015, p. 119).
A estratégia seguinte mostra a importância de se lembrar dos fatos, repeti-los em voz alta para compreender os bloqueios atuais oriundos de traumas passados. “Conte duas coisas que aconteceram hoje e uma que não aconteceu. Daí, vou adivinhar quais aconteceram mesmo” (SIEGEL, BRYSON, 2015, p. 129).
O capítulo cinco trata de como se manter centrado e fazer as crianças se centrarem e não se perderem nas emoções negativas. “Há muitas evidências científicas demonstrando que a atenção focada leva à remodelação do cérebro. [...] A questão é que a arquitetura física do cérebro muda de acordo com aquilo a que direcionamos nossa atenção e o que praticamos” (SIEGEL, BRYSON, 2015, p. 145-146).
Com isso, a oitava estratégia mostra como os sentimentos são passageiros, vão e voltam, e por isso é necessário ter controle do cérebro para dominar as emoções.
A nona estratégia abre os olhos do leitor para não “caçar” emoções negativas, que há situações que acontecem normalmente que nos desagradam. Então o livro orienta a focar a atenção no que é positivo.
Fechando o capítulo do “manter-se no eixo”, a próxima estratégia auxilia a controlar as emoções por meio das escolhas conscientes, pensar em coisas boas para ocultar os pensamentos que nos derrubam.
O capítulo seis fala sobre empatia, como as emoções do outro e a minha interferem no cérebro dos indivíduos. “[...] a felicidade e a realização resultam de se estar conectado a outros ao mesmo tempo em que se mantém uma identidade única” (SIEGEL, BRYSON, 2015, p. 173).
Assim, a penúltima estratégia exemplifica as relações entre pessoas e como essas relações moldam o futuro emocional delas. “Os tipos de relacionamentos que eles vivenciam estabelecerão o modo como se relacionarão com os outros pelo resto da vida (SIEGEL, BRYSON, 2015, p. 179).
Para finalizar, a última estratégia reforça a necessidade de se ter empatia, exemplificando como trabalhar com as crianças para que elas enxerguem o outro lado da situação. “Frequentemente nos esquecemos de que disciplinar realidade significa ensinar e não punir (SIEGEL, BRYSON, 2015, p. 197).
Por fim, os autores trazem uma conclusão sucinta, um guia de geladeira para consultas rápidas, bem como uma tabela com os ensinamentos do livro divididos por faixa etária, visto que as abordagens se diferenciam conforme as crianças crescem.
Esta obra aborda como vencer brigas com as crianças, apresentando dicas de forma simples e linguagem elementar, por meio de exemplos práticos associado ao funcionamento do cérebro. Um livro bem fácil e rápido de se ler, embora seja bem elementar, que abre a mente do leitor para o funcionamento do cérebro não só das crianças, mas como esse órgão funciona.
Realmente é um livro para se ler mais de uma vez, indicado para todos que desejam compreender um pouco sobre o porquê de as crianças agirem como agem, isto é, pais, professores, qualquer cidadão que tenha contato direto com crianças, bem como curiosos pelo tema.
Fonte: TINA PAYNE BRYSON.s.d. Disponível em: <https://www.tinabryson.com/#home-page>. Acesso em: 5 nov. 2024.
Diógenes Schweigert
Postado em: 5 de novembro de 2024.