Fonte: FERRAREZI JÚNIOR, Celso; CARVALHO, Robson Santos de. Produzir textos na educação básica: o que saber, como fazer. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.
Produzir textos na educação básica: o que saber, como fazer é um livro do conceituado doutor Celso Ferrarezi em parceria com seu amigo Robson Santos de Carvalho. Ambos trabalhavam juntos à época na Alfenas, universidade de Minas Gerais. Ferrarezi possui graduação em Letras, com mestrado, doutorado e pós-doutorados na área da linguística. Carvalho também contava com graduação em Letras, mestrado e doutorado em linguística. Infelizmente este faleceu em 2021.
A reflexão que os autores trazem são muito significativas para a prática docente, principalmente para os professores de Língua Portuguesa. O primeiro capítulo já afirma que escrever não é um dom, mas uma competência, ou seja, deve-se ensinar como escrever, pois a escrita e a fala não são a mesma coisa. “Você deve considerar que seu aluno precisa aprender a pensar como se escreve e não apenas como se fala (FERRAREZI JÚNIOR; CARVALHO, 2015, p. 33).
Quando produções de texto são realizadas, é frequente, mesmo com critérios de avaliação justos e coerentes, avaliar a performance e não a formação do aluno. Em outras palavras, a prática na escola é avaliar se o aluno foi criativo, se escreveu respeitando a ortografia e a pontuação corretamente. Critérios de avaliação justos são aqueles que avaliam o que foi ensinado. Por exemplo: fez-se um estudo do parágrafo. Por que avaliar a pontuação ou a concordância, se não foi o tema de estudo? A escola é um espaço de aprendizado, não de classificação, em que se filtram pessoas. A escola visa a formar pessoas.
Para que a produção de texto na escola seja significativa, deve-se trabalhar com textos reais, aqueles que os alunos encontrarão fora da escola. O livro é, como proposto pelos autores, uma obra de referência, prático e com ideias para trabalhar facilmente em sala de aula. Um exemplo que chama a atenção é a situação vivida por Ferrarezi ao ensinar o gênero carta, em que um aluno o questionou o professor para quem era a carta que eles estavam escrevendo.
O fato é que, ao exercitar a leitura e a escrita de textos ou para fins específicos (como ganhar um prêmio num concurso), vamos registrando a forma das palavras em nosso corpo (isso mesmo – não é só na “mente”, mas também nos músculos e na memória visual) e acabamos por decorar. Por isso, as mais utilizadas geram menos dúvidas (FERRAREZI JÚNIOR; CARVALHO, 2015, p. 186).
Quem pensa que ensinar a escrever é simples, engana-se. Ensinar a produzir textos exige muito planejamento (e estudo constante, ouso acrescentar). Entre as diversas atividades sugeridas (todas já testadas pelos autores), há sempre comentários que explicam a dinâmica e que justificam a forma como esta foi aplica. Ponto positivo nesta obra.
Um dos tópicos que é recorrente nesses comentários são os critérios de avaliação, em que o acerto deve valer mais que os erros, que o conteúdo deve se sobrepor à forma e avaliar apenas o que foi ensinado. Próximo do fim do livro uma frase me marcou muito, pois muitas vezes nós esperamos que os alunos acertem já na primeira vez. Não basta fazer duas ou três vezes. É preciso prática e tempo para o conhecimento se consolidar.
Esse livro é recomendado a todos os professores, em especial os de Língua Portuguesa e pedagogos, uma vez que é direcionado à produção de textos, uma vez que a leitura desta obra proporciona reflexão sobre a prática pedagógica do docente.
Diógenes Schweigert
Postado em: 20 de janeiro de 2025.